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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Desilusão...

Até quando vamos ter que “engolir”?

Nasci junto com a ditadura, em 1964, claro que os porões dela já existiam para que o acontecimento se desse naquele ano.

Ali eram tramados e traçados os planos para a derrubada e tomada do poder.

Filho de retirante analfabeto, mas sábio, como muitos nordestinos que aprenderam com a vida e com as dificuldades que ela os impôs vivi sob minha adolescência a ditadura.

Nesse período bordões eram de praxe, o mais famoso: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Como criança amava-o porquê era brasileiro, era um pequeno patriota na ignorância infantil.

Na escola tomava posição para louvar a pátria, nas filas das turmas da escola, mão no peito e o hino a bradar, imposto, mas com prazer.

Àquela época já se fundia as glórias do futebol a política, usando nossa paixão maior como combustível para manter o povo sofrido e apaixonado com esperanças de que o sucesso de uma levaria ao sucesso da outra e acreditávamos nisso.

Mesmo com os tropeços pós 1970 com a glória alcançada pela nossa seleção “Canarinho”- “Noventa milhões em ação, prá frente Brasil...”

E o Brasil ia prá frente, mesmo que aos trancos e barrancos, como a seleção que como sempre não aceitava os percalços, sendo considerada pelos seus comandantes como campeã moral em 1978, como uma das melhores seleções em 1982 que culminou na tragédia de Sarriá. “O sonho não acabou”.

Chegavam os anos finais da busca da liberdade com as “Diretas já!” Onde eu e milhões de brasileiros teríamos a oportunidade de colocar alguém de “nossa escolha” no poder, da nação.

Depois com as frustrações em seqüência deu-se o advento do culpado, sempre escolhemos um, eu tenho os meus e todos têm o seu, na política a culpa é sempre do antecessor.

Não vem ao caso.

A vida é composta de situações diversas onde cada uma gera influencia na outra, não se pode viver emoções sem que isso não se reflita em nossas atitudes, personalidade, em nosso dia a dia, no decorrer de nossa existência, tudo deixa uma marca.

Nelson Rodrigues que intitulou o Brasil de “A pátria de chuteiras” também afirmou que já era tempo de deixarmos de nos sentir “vira-latas” e posso compreender o que ele queria com isso.

Como disse um dia meu amigo Nildo, cearense que por ter desembarcado por essas bandas tornou-se para a turma, “baianinho”: “Nós não acreditamos em nosso potencial” e essas duas colocações parecem ter se encarnado em nossos jogadores, de novo, como em 1998 na França que na iminência de vencer e seguir rumo ao título desabou.

Nesse ínterim foi anunciado o “Espetáculo do crescimento” que ainda esperamos tanto um quanto outro, que como nossa seleção deixou o espetáculo em nossa lembrança, mas que quanto à pátria mantém o crescimento em nossos sonhos...

“Navegar é preciso”.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 16 de julho de 2010.